São Nuno de Santa Maria, o grande Santo Condestável
São Nuno
Irmão Carmelita
Origens
Nuno Álvares Pereira nasceu em Portugal em 24 de junho de 1360. Filho do cavaleiro dos hospitalários, Álvaro Gonçalves Pereira recebeu a educação cavalheiresca, típica dos filhos das famílias nobres de seu tempo.
Juventude
Aos treze anos, tornou-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido na Corte e acabando por ser, pouco depois, cavaleiro. Em 1376, aos 16 anos, casou-se, por vontade de seu pai, com a jovem e rica viúva, D. Leonor de Alvim. De sua união nasceram três filhos: dois homens, que morreram em tenra idade; e uma do menina, Beatriz, a qual mais tarde viria a casar-se com o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança.
Condestável por D. João I
Em 1383, diante da crise causada pela morte do rei D. Fernando, sem ter deixado filhos varões, seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por ter se casado com a filha do falecido rei. Tomando o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é, comandante supremo do exército, Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até ser consagrado na batalha de Aljubarrota, em 14 de agosto de 1385, a qual acabou por determinar a resolução do conflito.
A Perspicácia Militar de São Nuno de Santa Maria era acompanhada pela sua espiritualidade
Dotes Militares
Os dotes militares de São Nuno eram, no entanto, acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria eram os alicerces de sua vida interior. O estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros de São Tiago e São Jorge. Construiu ainda às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de Santa Maria da Vitória.
Entrada no Convento
Após a morte de sua esposa, no ano 1387, Nuno recusou um novo casamento, tornando-se um modelo de pureza de vida. Quando finalmente alcançou a paz, distribuiu a maior parte de seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acabou por se desfazer totalmente dos demais em 1423, quando decidiu entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria.
São Nuno dedicou-se totalmente aos Serviços do Senhor e de Maria
Abandono das Armas
Impelido pelo amor, abandonando as armas e o poder, para revestir-se da armadura do Espírito recomendado pela Regra do Carmo, essa era a opção por uma mudança radical de vida em que selava o percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado.
Abandono dos Privilégios
O Condestável do rei de Portugal, o comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao ingressar no convento abriu mão de todos os privilégios para assumir a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor e de Maria — sua Padroeira que sempre venerou —, e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.
Páscoa
São Nuno de Santa Maria morreu aos 71 anos de idade. Era o domingo de Páscoa, dia 1 de abril de 1431. Após sua morte, passou imediatamente a ser aclamado “santo” pelo povo que, desde então, começou a chamá-lo de “Santo Condestável”.
Via de Santificação
Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto “Clementíssimus Deus”, e foi consagrado beato no dia 6 de novembro. O Santo Padre, Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de fevereiro de 2009, determinou que o beato Nuno fosse inscrito no álbum dos santos no dia 26 de abril de 2009.
Minha oração
“ São Nuno, que soube desapegar-se dos cargos para seguir a Deus por inteiro, rogai por nós para que não coloquemos o trabalho ou qualquer outro tipo de coisa acima do Senhor Jesus. Que Ele reine em nossas vidas e de nossas famílias. Amém.”
São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!
Apesar de com frequência encontrar Irmãos Terceiros nas Eucaristias Dominicais na Igreja de São Julião, foi uma agradável surpresa constatar a existência de tão grande número de Irmãos Terceiros do Carmo, nas cerimónias religiosas desta última Quarta-Feira de Cinzas, na Igreja de Santa Maria da Graça, Sé Catedral da nossa Diocese de Setúbal, presididas pelo não menos nosso Bispo, D. Gilberto.
Foram cerimónias simples, cheias de fervor e imbuídas de uma certa cumplicidade entre os participantes, sem dúvida traduzindo o Amor transbordante que unia todos os presentes.
Foi o tradicional “arranque” da Quaresma que, este ano civil, nos surge tão cedo. Penso poder afirmar que foi um bom começo deste necessário preparativo para a Páscoa da Ressurreição.
E a Venerável Ordem Terceira de Setúbal aprimorou essa preparação ao participar, com espírito peregrino, no Encontro Nacional da Família Carmelita, realizado em Fátima, nos passados dias 16 e 17 do corrente mês de Fevereiro.
Claro que nem todo o Sodalício se pode deslocar mas, número bastante dos elementos que ficaram, fizeram a tradicional Via Sacra dos sábados deste Tempo Litúrgico, logo seguida pela habitual Eucaristia Vespertina.
Que Deus, por intermédio de Nossa Senhora do Carmo, e, nas suas infinitas Bondade e Misericórdia, nos dê a graça de terminarmos esta Quaresma, pelo menos tão bem como a começámos.
Que a Igreja em Portugal não andava bem todos sabíamos. Agora que o Papa estivesse tão bem informado e nos desse um resumo tão pequeno mas quão completo parece-me que foi uma real surpresa para muito boa gente, católica ou não. Os católicos terão ficado preocupados e quase que apetece acrescentar: só agora? Os não católicos e, porque não alguns – bastantes? – católicos, igualmente, ficaram a esfregar as mãos de contentamento pelo que certas pessoas têm apelidado de “puxão de orelhas” aos bispos portugueses. É natural que um Chefe esteja bem informado e saiba o que se passa nas suas comunidades. Do mesmo modo, ninguém se espanta que o Papa queira ouvir, de viva voz, o que os seus “mandatários” têm para lhe contar relativamente aos quinhões respectivos e qual a análise que fazem da situação dos mesmos e as propostas que terão em mente para uma resposta adequada para a resolução pronta da mesma que, no nosso caso, temos de reconhecer, não é brilhante e tem vindo a degradar-se.
Embora existam pastorais variadas, equilibradas e vontade de as aplicar com êxito, verifica-se que, por vezes, por tanto querer, acaba-se por mal haver; tantas coisas se querem efectuar e que ficam pelo caminho; tantos projectos aparecem e que acabam por não passar dessa fase. Constata-se, olhando para o interior das igrejas que a grande maioria dos fiéis presentes nas celebrações é constituída por pessoas já bem entradas nos anos, quando não com muitos outros já vividos. Apesar das muitas actividades propostas e concorridas e dedicadas à juventude, cada vez se tem mais a sensação de ser necessário gritar: Jovens precisam-se!
Existem milhentas organizações da igreja, muitas vezes com o mesmo objectivo e modo de actuação e, fundamentalmente, quase sempre e salvo algumas raras e valiosas excepções, constituídas sempre pelas mesmas pessoas, quase todas na casa dos sessenta, setenta, quando não dos oitenta anos e que tentam perpetuar a Missão.
É agradável verificar que a Eucaristia é partilhada por gente jovem, igualmente, mas apetece perguntar: onde se encontram as crianças, os adolescentes e, nalguns casos, os adultos jovens ou não que frequentaram durante não sei quantos anos a catequese? Há pouca qualidade nos catequistas? Há desinteresse das famílias? A Igreja não consegue criar mecanismos que fixem esses pequenos e mais crescidos?
M. M. Costa Santos, da UCP-Braga, em extracto publicado no nº 1123 da Agência Ecclesia de 20 de Novembro de 2007, resume as conclusões do Santo Padre a três pontos: “seleccionar as questões (crise), propor um núcleo duro (cinto de segurança), e apresentar uma escola (cátedra)”. Se bem entendi, da selecção das questões, e parafraseando Bento XVI, a crise da Igreja em Portugal “(é) a falta de participação na vida comunitária e o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros, a função do clero e do laicado, a discussão sobre qual dos membros da comunidade seja o primeiro, a eficácia dos percursos de iniciação actuais com a maré crescente de cristãos não praticantes.”
Concordando em absoluto com estas observações, razão pela qual, pelo meu modo de ver e viver a sociedade comunitária, proponho que a formação do tal núcleo duro chamado “cinto de segurança”, tenha ele o nome que tiver, perfeitamente indiferente, nas Dioceses deve ser constituído de forma tripartida e paritária por sacerdotes, consagrados e consagradas e leigos e leigas. Não haverá uma simples escolha para as nomeações dos elementos dos três ramos citados, mas uma verdadeira eleição inter-pares com vários grupos etários e, que poderá, eventualmente ser ratificada pelo Bispo. Estes “cintos de segurança” funcionariam em vários grupos de trabalho e os seus elementos não poderiam acumular, agindo exclusivamente naquele para o qual tivessem sido eleitos.
Já várias vezes escrevi nas colunas de “A Seara”, lá “Do Alto do Campanário”, que a Igreja não é só formada por sacerdotes nem só por leigos, que é uma Só e que uns e outros estão integrados no Corpo Místico de Cristo, evidência que todo o católico sabe, tão bem ou melhor do que eu, e que é quase displicente relembrar. As actuações de uns e de outros, com funções distintas nalguns pontos, é que, por vezes, fazem parecer que são “jogadores de equipas diferentes”. Tal parecença é totalmente descabida porque todos são baptizados! Evidência que o articulista citado não deixa de referir.
A eclesiologia de comunhão proposta por M. M. Costa Santos no caminho para Cristo acaba por girar em torno da Virgem Maria, a Cátedra. Não é isto que nós, os Carmelitas tentamos fazer?
I
Nossa Senhora do Carmo,
Que por Deus foste bendita,
Para o combate me armo
C’o Menino e sua fita.
II
Fita do Escapulário
Que a nós por bem nos deste,
Como o Terço do Rosário
Rezado com as nossas vestes.
III
O Carmelo é nossa Vida,
Nele as nossas Orações
Vão p’ra ti ó Mãe querida
Que enches os corações.
IV
Vem Senhora da minha alma,
Guarda-me bem junto a Ti.
A vida podes levá-la
P’ró Menino qu’inda não vi.