No local onde se encontra instalada a Ordem Terceira do Carmo de Setúbal, existiu um convento de Carmelitas calçados construído entre os anos de 1600/1640.

Com a expulsão das Ordens religiosas o referido Convento foi extinto, ficando o mesmo ao abandono.

Em 1912 foi erecta a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo de Setúbal, com estatutos da mesma data, mas só registados no ano seguinte 1913 no Governo Civil de Lisboa.

Foi uma Ordem Terceira com grande relevo nesta nossa cidade, pois nela ingressaram figuras ilustres de Setúbal.

Presentemente conta com cerca de 300 irmãos e irmãs, que aí marcam presença semanal, na Eucaristia , colaboram nas diversas actividades da Ordem, quer na parte espiritual, quer na parte cultural e recreativa.

Temos reuniões mensais com a presença de grande numero de irmãos.

Efectuamos passeios e almoços de convívio afim de fortalecer os laços de amizade entre todos.

Construímos a Residência Monte Carmelo de Setúbal para podermos apoiar os nossos irmãos mais carenciados.

Este apoio consiste, neste momento em irmãos em regime de Internamento, estamos pois numa fase de organização interna que nos permitirá muito em breve, lançar as valências de Apoio Domiciliar, e Centro de Dia.

Resta-nos acrescentar, que a percentagem de presenças dos irmãos às nossas realizações ronda os 45/50%, pois temos irmãos a residir noutros lugares o que torna um pouco difícil a sua deslocação.

 

CONSELHO DIRECTIVO

Conselho Directivo

Constituição do conselho directivo


História da Venerável Ordem Terceira do Carmo da Cidade de Setúbal
No dia 11 do mês de Maio do ano de 1496, o rei D. Manuel assinava, em Setúbal, um privilégio extensivo aos conventos carmelitas portugueses, em virtude do qual ficavam isentos «de pagar sisa, decima portagem das bestas de madeira e outras escusas que comprassem, vendessem ou trouxessem de quaisquer lugares...»
Nos finais do século XV (15 de Julho de 1499), um testamento, de Fernão Anes, deixava um olival ao convento do Carmo de Setúbal.
Como é natural, alguns frades deixariam ao convento os seus próprios bens, como deve ter feito, por volta de 1518, o Frei João Fidalgo.

Na primeira metade do século XVI, é de salientar a protecção dispensada ao convento por Vasco da Gama e seus descendentes. O próprio Vasco da Gama comprou ao seu irmão D. Ayres da Gama «a tença de 10.000 reaes, e a Margarida Annes a de 7.333 reaes, cujos contratos foram sancionados por el-Rei D. Manuel que lhe mandou passar padrão, em carta sellada com o sêllo pendente, datada de Lisboa a 20 de setembro de 1516, e confirmada por D. João III em Almeirim a 6 de junho de 1523.
A importantíssima projecção dos Carmelitas portugueses na América, travou, naturalmente, o processo fundacional na metrópole.
Não obstante, em finais do séc. XVI e no séc. XVII fizeram-se algumas fundações, que passamos a enumerar.

Um manuscrito da Torre do Tombo oferece pormenores fiáveis acerca das motivações da fundação.
Era provincial o Padre. João da Costa e prior do convento de Lisboa o Padre. Simão Coelho. Os Carmelitas compraram a Álvaro da Silva, 2.° cavaleiro da Ordem de Cristo e comendador da mesma Ordem, umas casas grandes, onde se pudessem alojar os religiosos que vinham de Lisboa para o Alentejo. A escritura foi assinada no dia 24 de Abril de 1597.0 prior e cavaleiros do convento do Carmo de Lisboa tomaram posse dessas casas nos finais o mesmo ano.
Filipe II, por alvará outorgado no dia 28 de Novembro de 1601, deu licença para edificar um convento. Uma licença do arcebispo de Lisboa, Miguel de Castro, de 9 de Fevereiro de 1604, reitera que já lhe tinha sido dado licença havia dois ou três anos.
O Papa Clemente VII, por bula de 13 de Fevereiro de 1603, tinha autorizada a construção do edifício’.

Número de Religiosos

Dos princípios do Século, XVII, dispomos de dados tirados do Regestrum do Geral da Ordem, Henrique Silvio, acerca do número de religiosos nos conventos portugueses:

O Convento do Carmo da vila de Setúbal tinha pela na sua antiguidade a 12a voz nos Capítulos Provinciais e tinha 18 frades conventuais.

Por volta dos anos 1650-1655, estava acabada a igreja.
Sem poder precisar a data em que foi inaugurada, o Pe. Sancho Faro, irmão legítimo do Conde de Mira e que morreu na Transpontina de Roma, celebrou missa; onde pregou, nesta ocasião, o Padre. João da Silveira.
No priorado dos anos seguintes, do Padre. Martinho, fizeram-se os arcos de pedra do claustro. As obras continuaram nos anos seguintes.
Em 1690, o Padre. Francisco Macedo mandou construir um órgão e comprar diversos objectos de prata.
A igreja não era um templo majestoso, mas decente bem acabado, com tecto de abóbada.»
Em 1714, fizeram-se obras de certa importância, para viver com mais comodidade. Conseguiu-se da Câmara um cano de água; enriqueceu-se o património artístico da igreja com novos altares, talhas, etc.,.
O convento «tinha as necessárias acomodações.
No centro do claustro do convento, estava um fontanelo ou pequeno chafariz que recebia água do chamado Pocinho, que está na Rua de S. Caetano.
Ao meio do chafariz erguia-se uma coluna em volta da qual ficava uma bacia de 2 metros de diâmetro, tendo na parte exterior da circunferência oito carrancas por onde saia a água para o tanque que lhe ficava inferior.
Tudo de mármore lavrado»
Na igreja, como era costume, existiam numerosas sepulturas de famílias nobres, como os Castro Melo.

O TERRAMOTO DE 1755

Em Setúbal à ruína do convento seguiu-se a precipitação das ondas do mar, de modo que não havia esperança de que se pudesse edificar de novo o Convento.

Em 1765, o prior, Tomás Pinna de Mello, fez um livro onde anotou os bens que o convento possuía e as capelanias com as suas obrigações de missas. É um livro excelente de 128 folhas.
Os setubalenses foram muito devotos dos Carmelitas e fizeram numerosas doações compensadas. Havia outros bens que provinham de heranças dos próprios religiosos.

Há um ofício de 29 de Dezembro de 1834 e de 2 de Junho de 1835, assinado por José Maria Grande e dirigido a António Nunes de Carvalho, para que fossem entregues os cartórios, pinturas, quadros, etc.
As autoridades da vila ficavam obrigadas a fazer esta entrega.
O edifício foi ocupado pelo Ministério da Guerra, no dia 19 de Junho de 1837, e utilizado como depósito de viveres.
Da parte não ocupada pelo Ministério da Guerra encarregou-se a Câmara, no dia 20 de Junho de 1863. Actualmente e com as necessárias adaptações, este espaço é um centro de ensino”.

Há no entanto ainda algumas dependências do mesmo que pertencem à Ordem Terceira do Carmo de Setúbal:

uma capela de dimensões discretas com imagens de santos carmelitas, salão de reuniões, arquivo, etc. Em 1996, projectou-se a construção de uma residência para idosos da Ordem Terceira. O processo foi concluído em 1 de Abril de 2004.

Resumindo

Os historiadores e as fontes documentais são .unânimes em afirmar que a Ordem Terceira de Setúbal foi fundada em 1674. Nela se alistaram numerosas pessoas pertencentes à nobreza e ao clero.

Nos anos seguintes, com empréstimos da Ordem Terceira de Évora e esmolas dos próprios Terceiros, esculpiram-se as imagens, de modo que, em 1676, pôde fazer-se uma procissão vistosa e que foi motivo de admiração.

“No ano seguinte, 1677, a comunidade Carmelita doou aos Terceiros urna capela do complexo conventual para que celebrasse os seus próprios cultos. Depressa os Terceiros de Setúbal quiseram elaborar os estatutos para o seu governo. Há indícios de que foram aprovados em 1676 e em 1678. Os que conhecemos datam de 1691. Coincidem com os de outras Ordens Terceiras de Portugal, com algumas normas particulares de carácter local para os Terceiros de Setúbal”..

O Compromisso da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo da Cidade de Setúbal

Compromisso

Este compromisso está escrito em pergaminho, num volume com capas forradas de veludo carmesim e com chapas de prata apostas nas quatro pontas e.no meio de uma das capas.

O livro que tem a data de 1691,compõe-se de prólogo e dos seguintes capítulos

  1. Dos Irmãos da Mesa.
  2. Do Irmão Prior.
  3. Do Padre Comissário
  4. Do Irmão Superior.
  5. Do Irmão Secretário.
  6. Dos Irmãos Definidores
  7. Do Irmão Tesoureiro.
  8. Do Irmão Procurador
  9. Do Tesoureiro da Cera.
  10. Dos Irmãos do Culto Divino
  11. Da Forma da Mesa na Igreja nas Sextas-feiras da Quaresma.
  12. Da Eleição dos Irmãos.
  13. Das obrigações da Mesa logo que toma posse.
  14. Da eleição de Priores e Sub-Priores.
  15. Da Junta que a Ordem há-de eleger para com ela a Mesa resolver.
  16. Do que a Mesa não pode resolver sem a Junta.
  17. Do lugar da Junta com a Mesa.
  18. Dos Irmãos da Mesa
  19. Dos Irmãos da Mesa
  20. Dos Irmãos da Mesa

Cerca de 30 livros de conteúdo variado denotam a continuação e sobrevivência da Ordem Terceira.do Carmo em Setúbal.

Compromisso

Prova também da sua força e vigor é o facto de, em 1913,serem editados os seus próprios estatutos. Estes estatutos mantêm, em linhas gerais, o esquema dos já conhecidos. e foram confirmados por parte do Governador Civil do Distrito de Lisboa, em 11 de Novembro de 1913


Moura, Berço da Ordem do Carmo em Portugal

convento

Reinando D. Sancho II, aportaram ao pais uns cavaleiros da Ordem de Malta, que se faziam acompanhar de padres carmelitas. E como esses cavaleiros eram já senhores de algumas vilas e lugares do reino, em cujo número se contava a vila de Moura, fundaram nela em 1250, reinando D. Afonso III, ou depois de 1251 como indicam alguns autores, um convento para os religiosos dessa ordem cedendo-lhes para tal, umas casa que tinham edificado junto duma devota ermida da invocação de Nossa Senhora da Luz.

Devemos dizer que os hospitalários da Ordem de S. João de Jerusalém mantinham com os carmelitas estreita confraternida­de na Terra Santa e o seu Padroeiro, S. João, é incluído entre os adeptos dos ermitas fundadores da Ordem do Carmo.

Ante as perseguições infligidas pelos sarracenos aos carme­litas que chegaram ao extremo de lhes destruírem o próprio con­vento do Monte Carmelo, tomaram eles a resolução de emigrar para a Europa. Em 1238, estabeleceram-se em Chipre, Messina, Paris, levados por S. Luís, rei de França e em Aylesford, na Inglaterra.

Coube pois a Moura a honra de ter o primeiro convento carmelita que se estabeleceu na Península.

Isto acontecia, portanto, a não muitos anos da sua reconquista efectuada pouco depois de 1191, visto a primeira conquista pelos exércitos cristãos ter-se dado em 1166, no reinado de D. Afonso Henriques, com a intervenção daqueles célebres cavaleiros de nome Álvaro e Pedro Rodrigues, cujas cinzas se guardam num túmulo manuelino existente na arruinada Igreja do convento das dominicanas do Castelo, mandado construir pela sua primeira abadessa, Dona Ângela de Moura, da família dos mesmos cavaleiros, nas pró­prias casas de sua residência.

Vem a propósito referir - como hipótese - que a primeira conquista cristã, cuja data se ignora, talvez se tivesse dado no dia litúrgico do santo que se vê representado num fresco, quase destruído, existente na capela onde se encontra o túmulo dos primeiros conquistadores de Moura.

A figura parece a do apóstolo S. Bartolomeu e, sendo assim, é provável que a conquista se tivesse verificado em 24 de Agosto, tempo estival próprio para conquistas e fossados.

A reforçar esta nossa suposição, temos o facto de quase todas as conquistas feitas pelos cristãos aos mouros serem referen­ciadas aos santos do dia, nomeadamente, a de Lisboa no dia de S. Crispim e a de Tavira no dia de S. Barnabé, santo que teve capela própria na igreja de Santa Maria do Castelo dessa cidade, do lado da Epístola, junto do jazigo onde se guardam os ossos dos sete ca­valeiros cristãos mortos pelos mouros no sítio de Antas, causa ime­diata dessa conquista por D. Paio Peres Correia, esforçado cavaleiro de Santiago.

As crónicas cristãs mouras dessa época nada nos dizem so­bre o assunto bem como acerca das datas da conquista de muitas outras terras. A própria Adquira Assania Crónica Anónima dos Merinidas, publicada em 1921, em Argel, por Ben Cheneb, na qual depositávamos grandes esperanças, nada também nos diz, conforme informação do nosso prezado amigo e distinto arabista Dr. José Garcia Domingues, que teve o ensejo de a consultar numa visita de estudo que fez recentemente a Madrid.

D. Luís Caetano de Lima, clérigo regular e membro da Aca­demia Real de História Portuguesa, escrevendo sobre a vila de Moura refere-se à Ordem do Hospital ou de Malta e à questão a que a mesma deu lugar, numa época é certo posterior à fundação do Convento do Carmo, mas ainda no século XIII. Diz esse autor que o «senhorio» de Moura, e de algumas outras Vilas do Alentejo chegou a ser ocasião de rompimento entre El-Rei D. Dinis de Portugal, e El-Rei D. Fernando o IV de Castela, pelos anos de 1295 porque havendo sido conquistadas por Príncipes Portugueses e estando na demarcação dos seus domínios, andavam usurpadas a esta Coroa desde o tempo deI-Rei D. Afonso o Sábio, e unidas à Ordem do Hospital daquele Reino.

Tanto Moura como Serpa, Aroche, Aracena, Aiamonte e o Algarve foram terras que durante muitos anos estiveram em litígio, apesar de conquistadas pelos reis portugueses. O rei D. Afonso III exercia sobre elas direitos de senhorio político, mas coube ao sogro Afonso X de Castela, o usufruto. O Algarve, deu-o Afonso X de Castela ao neto D. Dinis, ressalvando porém alguns direitos, dos quais abdicou pouco depois de 1264 e a delimitação do Caia para o sul, na qual estavam compreendidas Moura, Serpa, Aroche, Aracena e Aiamonte, só foi realizada definitivamente mais tarde, fir­mando-se em 12 de Setembro de 1297, pelo chamado tratado de AIcanizes um acordo, pelo qual o nosso país desistiu de Aroche, Aracena, Aiamonte e outras terras, e recebeu em troca Campo Maior, Olivença e os territórios vizinhos.

Quando em 1295 se deu o rompimento entre D. Dinis e Afonso IV de Castela, que terminou pelo tratado de Ciudad Rodrigo já D. Dinis estava de posse da Vila de Moura, pelo que a cercou de muralhas e lhe deu foral, que foi o terceiro outorgado após a sua conquista aos mouros, pois o primeiro tinha-lhe sido dado em 1171, por D. Afonso Henriques e o segundo em 1217, por D. Afonso II.

Por outro lado, tendo sido dado o senhorio de Moura por D. Afonso Henriques à Ordem Militar de Aviz, dependente dos grão-mestres de Ordem de Calatrava, com sede em Castela, semelhante situação foi causa de atritos e lutas que só desapareceram no dia em que essa ordem deixou de depender duma nação estrangeira.

Embora pareça paradoxal, dessa série de atritos persistiu uma célebre questão entre Moura e Aroche, conhecida pela questão das Terras da Contenda, só completamente liquidada pela Convenção de Madrid, de 27 de Maio de 1893, reinando em Portugal D. Carlos I e em Espanha Afonso XIII, não cabendo no âmbito deste estudo toda a extensa série de episódios a que as ricas terras da margem esquerda do Guadiana deram lugar, desde a sua conquista aos mouros.

Excertos da História da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Setúbal

“À LAIA DE PREFÁCIO”

Tendo sido incumbido de escrever a História da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Setúbal, aceitei sem qualquer hesitação, não medindo sequer o enorme sarilho em que me estava a meter. Tracei um rumo exaustivo, que abandonei algum tempo depois, após ter recolhido parte significativa da bibliografia que escolhera com adequada.

Que fazer? Recusar? Limitar-me a Setúbal sem qualquer nota introdutória e abrangente sobre o a Ordem do Carmelo, seus fundamentos históricos e evolução, sem qualquer referência às Cruzadas nem ao Monte Carmelo, propriamente dito; olvidando o aparecimento do Escapulário, deixando em claro o regresso dos carmelitas à Europa, e sua fixação em comunidades situadas, principalmente, na Bacia Mediterrânica e no resto da Europa, bem como a sua chegada à Península Ibérica e, sobretudo a Portugal, antes de me fixar exclusivamente em Setúbal, terra de São Francisco Xavier, Bocage, Luísa Todi, Teotónio Banha, e tantos outros, portugueses e estrangeiros, escondidos no anonimato ou lembrados em vários livros, revistas ou simples jornais?

Depois de bem reflectir, com um certo atrevimento, reconheço, decidi-me por esta última hipótese que, se bem que arriscada, me parece ser a mais interessante para o leitor, embora tenha decidido que o texto não vai sair de uma vez só nem de forma regular. De tempos a tempos, vai aparecer um episódio, tentando respeitar a ordem cronológica dos factos narrados e acompanhados, por vezes, de comentários que me parecerem adequados à compreensão dos acontecimentos.

Não posso deixar de agradecer à Direcção da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Setúbal que, a partir deste momento e salvo excepções importantes será designada por VOTCS, que acompanhando-me na corda bamba, me vão servir de rede.

Coragem para a leitura é o que eu vos desejo e benevolência para o autor é que vos peço.

“Dai graças ao Senhor porque Ele é Bom; é eterna a Sua Misericórdia!”

“Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós."

“PARTE I”

Foi grande a tentação de estabelecer o início da Ordem Terceira do Carmo em Elias e Eliseu, tanto mais que vemos transcrita no “Meditar Dia e Noite na Lei do Senhor”, no texto relativo a Novembro de 2008, a mensagem da Senhora do Carmo ao Papa João XXII, em 03.03.1322: “João, Vigário do meu dilecto Filho sobre a terra… concede à minha santa e devota Ordem do Carmo, começada por Elias e Eliseu no Monte Carmelo, uma ampla e generosa confirmação, com que sancionarás na terra ou que já foi sancionado no céu por meu Filho… Além disso, se forem ao Purgatório, eu, Mãe da Graça e do Amor, irei ali, no primeiro sábado depois da sua morte e levá-los-ei comigo ao Monte Santo da vida eterna”.

Sem substimar, minimamente, a influência que estes dois profetas tiveram no desenvolvimento e no fortalecimento da Ordem, e seu nenhum desrespeito nem menos Amor pela Mãe, querendo respeitar os dados históricos, tenho de contrariar a minha vontade e interpretar a mensagem como um estímulo enviado pela Senhora do Carmo a todos os Carmelitas, no sentido de não terem medo, confiarem nela e seguirem os exemplos de Elias e de Eliseu.

Não podendo seguir a minha intenção inicial e não querendo seguir muito convenções rígidas, ninguém me vai levar a mal começar a História da Ordem Terceira do Carmo por São Joaquim e Santa Ana, pais, como se sabe de Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus Incarnado, apesar de nunca constarem, para fins práticos nos Evangelhos – apenas em Lucas 3,23..

Reza a tradição, já no século II, apoiada, principalmente, no Proto-Evangelho de Tiago, citados na página que precede o anúncio do Anjo a Maria (5ª Edição abreviada da Liturgia das Horas, segundo o Rito Romano, editada pela Gráfica de Coimbra; La Fleur des Saints – 1910 prénoms et leur histoire, Éditions Albin Michel; 1992; Spe Deus, blogspot de Sapo.pt, de 26.07.2008; Homilia do Cardeal Tarcísio Bertone, na Paróquia de Santa Ana do Vaticano, no dia 26.07.2007, na Festa Litúrgica dos Santos Pais de Nossa Senhora; do sítio www.cademeusanto.com.br; e de Santa Ana – Wilkipedia, entre outras obras consultadas).

O culto de Santa Ana existia no Oriente, a partir do século V ou VI, segundo as várias fontes, celebrando os Gregos, ainda hoje, três Festas por ano em sua honra. No Ocidente esta veneração apareceu mais tarde, já no século VIII, quando, no ano de 710, as suas relíquias foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, - onde o Imperador Justiniano mandara construir uma igreja em sua honra, cerca de 550 - ou no século X, segundo outros autores. Após várias peripécias, a Festa de Santa Ana, celebrada a 26 de Julho foi suprimida em 1572 por Pio V e restabelecida por Gregório XIII em 1582, e após intervenções de vária ordem, nomeadamente de Gregório XV, foi ainda, naturalmente, atacada por Martinho Lutero, especialmente pela presença das imagens de Jesus e Maria que eram, como se sabe, um dos temas favoritos dos pintores da Renascença. Como resposta, a Santa Sé estendeu esta festa a toda a Igreja em 1879, por Leão XIII.

O Culto a São Joaquim é mais tardio, apesar de ter tido duas Festas, a 30 de Março e a 16 de Agosto. Foi Paulo VI quem acabou com as divergências, se assim podem ser chamadas, e juntou-os numa única Festa, celebrada a 26 de Julho, dez dias depois da de Nossa Senhora do Carmo. Do mesmo modo, a tradição encarrega-se de apregoar que São Joaquim pertencia à família real de David, nascido em Nazaré, que era um rico fazendeiro e qu, como tal, possuía um grande rebanho. Era um homem pio. Santa Ana, por sua vez, teria como pai um nómada judeu, de nome Akar, que a teria trazido para Nazaré acompanhado pela esposa e mãe de Santa Ana.

Após o casamento surge o grave problema da esterilidade do matrimónio! Este facto trazia tristeza a Akar, por não ter netos, e complicações a São Joaquim, porque a não existência de filhos era, ao tempo, considerada uma punição divina pela inutilidade do homem que, neste caso chegou a ver o sacerdote Rúben, padre do templo, recusar-lhe a oferta de um cordeiro.

Santa Ana, idosa para a época e estéril, chorava e orava a Deus para atendê-la. Estando um dia sob uma árvore, orando e pensando que Joaquim a abandonara, uma vez que ele tinha partido para o deserto, um Anjo disse-lhe que Deus atenderia todas as suas preces e que o filho que teria seria honrado e louvado por todo o mundo, tendo-lhe ela respondido: “Se eu conceber um filho ou filha será dom do meu Deus e eu servi-lo-ei toda a minha vida”.

São Joaquim estava ausente porque, entretanto, se tinha retirado para o deserto, onde jejuou e rezou durante quarenta dias. Um dia, um outro Anjo apareceu-lhe, anunciando-lhe que as suas preces tinham sido ouvidas e enviou-o para casa, com o seu rebanho, tendo-se encontrado com Maria, que para ele corria, a mando do Anjo que encontrara, num local apelidado pela tradição Porta de Ouro. Após a Imaculada concepção de Maria, celebrada a 8 de Dezembro, nove meses depois, Santa Ana deu à luz Maria, a 8 de Setembro do ano 20 a.C., com cerca de quarenta anos e, tal como prometera ao Anjo que a visitara sob a árvore, ofereceu-a ao serviço de Deus, no Templo de Jerusalém, quando esta atingiu três anos e lá viveu até aos doze anos. A partir deste tempo eles habitaram Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda, local onde hoje se ergue a Basílica de Santana. Apesar duma lenda que está afixada e esculpida na Igreja de Notre Dame –la-Grande, em Poitiers, França, a Virgem Maria era filha única.

Ambos chegaram a ver Jesus, tendo São Joaquim falecido após ter visto o seu Divino neto no Templo.

J. A. PARDETE FERREIRA

“Parte II”

Tendo apresentado os pais da Santíssima Virgem Maria, pelas Sagradas Escrituras, pelas opiniões de teólogos de renome, tais como Santo Alberto Magno, São Tomás de Aquino e São Boaventura, e pelas tradição da Igreja e devoção popular, base dos três dogmas fundamentais ligados à Virgem Maria, - como de todos os outros, aliás - pode concluir-se; apoiando-nos na literatura já referenciada e nos muitos textos Marianos existentes, cujas citações nos dispensamos por serem inesgotáveis ou estarem contidos na Bíblia; que as vivências mais significativas da Virgem Maria são a sua Conceição Imaculada, a sua Natividade, o serviço no Templo até à puberdade, a Anunciação pelo Anjo São Gabriel da sua Maternidade Divina, a Visitação a sua prima Isabel durante a gravidez de João Baptista e o Magnificat, o Natal ou Encarnação, a Apresentação do Senhor, a fuga para o Egipto e o regresso à Galileia, as Bodas de Caná, o seu acompanhamento da chamada vida pública de Jesus, o seu sofrimento Pascal, paralelo ao do Filho até à Cruz e prolongado por aqueles dias que precederam a Ressurreição; ainda o seguimento das actividades dos Apóstolos durante o tempo que precedeu o Pentecostes e esta descida do Espírito Santo e que antecederam a Ascensão do Senhor e a sua própria Assunção, prelúdio da vigilância e auxílio constantes a toda a Humanidade, interessando-nos, muito particularmente, as suas ligação e irmandade ao Carmelo.

A Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, na opinião do Padre Frei Francisco Rodrigues, Ordem do Carmo, – o nosso Padre Chico – citando a Lúmen Gentio, onde está descrita a união da Virgem ao Seu Filho “por um vínculo estreito e indissolúvel”, celebrada, como se sabe, a 8 de Dezembro de cada ano. Esta Festa, que no Ocidente, já desde o século VIII, aparece incluída no Tempo do Advento que, como vem escrito no “Meditar dia e noite na Lei do Senhor”, publicado em Setembro de 2008 pelo Centro da Família Carmelita, “mais que qualquer outro tempo do Ano Litúrgico… é tempo de Maria”. A Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria foi proclamada Dogma de Fé pelo Papa Pio IX a 8 de Dezembro de 1854, após onze séculos de devoção popular, em Roma, como antes se escreveu, e dos estudos necessários a tal proclamação Papal.

Tratando-se apenas de um enquadramento prévio à História da Venerável Ordem Terceira do Carmo de Setúbal, as chamadas vivências fundamentais não serão desenvolvidas de maneira exaustiva, pelo que se aborda, de seguida, a Natividade de Nossa Senhora. Esta festa é celebrada a 8 de Setembro e já ocorria no século V no Oriente, tendo apenas começado no Ocidente (obediência a Roma) no século VIII. Considera-se que ela constitui “o início da salvação do mundo, realizada pelo seu Divino Filho”.

Como prometido por sua mãe, Santa Ana, a Virgem Maria serviu o Senhor no Templo de Jerusalém dos três aos doze anos, como já foi dito. Este serviço, iniciado em idade tão tenra e decorrendo até à puberdade, seguramente acompanhada por outras crianças da mesma idade e orientada por adultos judeus, provavelmente religiosos na sua maior parte, não deve ter sido fácil e, provavelmente, contribuiu para o fortalecer da sua capacidade de sofrimento, “herança genética” da sua Conceição Imaculada e da sublime Missão que lhe foi destinada.

Segue-se a Anunciação do Senhor. Na Lúmen Gentio, aprendemos que “o Pai das misericórdias quis que a Encarnação fosse precedida da aceitação por parte da que Ele predestinara para sua Mãe, para que assim como uma mulher contribui para a morte (Eva), também outra mulher (Maria) contribui para a vida”. Na Anunciação, feita por intermédio do Anjo Gabriel, Maria conheceu os desígnios do Senhor relativamente ao facto de ela vir a ter uma Maternidade Divina: ser a mão do Filho de Deus, tornado Filho do Homem, o Emanuel. O “Fiat” imediato de Maria, este “faça-se em mim segundo a Vossa vontade”, dito de modo tão espontâneo e com a humildade do Servir, permitiu que a Encarnação se realizasse e que uma nova Aliança se estabelecesse e que por ela a Redenção dos pecadores se tornasse possível

A Visitação é assinalada a 31 de Maio. Ela vem particularmente descrita em Lucas, 1, 39 – 56: “… Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e bem dito é o fruto do teu ventre…” e Maria acrescentou: ”A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador… “ E, antes de regressar a casa, Maria ficou com Isabel cerca de três meses.

E assim chegamos ao Natal ou Natividade do Senhor.

J. A. PARDETE FERREIRA

“Parte III”

Chegados ao Natal, Natividade do Senhor ou ainda, provavelmente com mais propriedade, Encarnação, vamos seguir o segundo Capítulo do Evangelho segundo S. Lucas: o édito de César Augusto, obrigando uma grávida próximo do termo a uma penosa viagem de Nazaré a Belém, a fim de se recensear juntamente com José. É conhecido o Presépio vivo onde, por não haver lugar na hospedaria, tendo dado à luz o seu Filho, o envolveu em panos e o recostou numa manjedoura. Entretanto, o anjo do Senhor apareceu a uns pastores a quem diz: “… anuncio-vos uma grande alegria… Hoje na cidade de David nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor…".

No desenvolvimento lógico da Encarnação do Verbo, passados oito dias, de acordo com a Lei de Moisés, cumprido o tempo da purificação (Lucas 2, 21 – 25), Jesus foi levado a Jerusalém para ser apresentado ao Senhor e a Este oferecido por ser o filho primogénito e ser circuncidado, o que era acompanhado pela oferta de um par de rolas ou pombas, conforme as possibilidades económicas dos pais. Voltando a Lucas 2, 31 e 32: “Depois voltou para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

Entretanto, sabemos do Evangelho segundo Mateus 2, 3-15, como o anjo do, Senhor aparecendo em sonhos a José lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egipto e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procura o menino para o matar. E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egipto, permanecendo ali até à morte de Herodes”. Imagine-se nova provação para Maria: a ansiedade, o cansaço, a incerteza, a incomodidade, os cuidados com o Filho e tudo o mais que se possa imaginar. Ainda de Mateus 2, 19-23, após a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu novamente a José e disse-lhe: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino”. Perante o perigo de Arquelau, filho de Herodes, ter subido ao trono, Mateus conta-nos ainda que José, advertido em sonhos, se retirou para a Galileia, para a cidade de Nazaré. E Maria, obediente, seguia José e cuidava do menino.

Como propusemos, o passo importante que se seguiu foi o episódio das Bodas de Caná, para o qual entendemos apoiar-nos em João, 2, 1-11. Caná está, como Nazaré, situada na Galileia e Jesus já tinha escolhido os discípulos que, com Ele e Maria, também estavam presentes na boda. Maria foi a grande impulsionadora do primeiro milagre público de Jesus: a transformação de água em vinho, esse vinho que é indispensável para a celebração da Eucaristia.

Segue-se o Acompanhamento da chamada Vida Pública de Jesus, onde a sua presença, nem sempre evidente nos escritos, se adivinha ou aparece discretamente descrita, num crescendo que se torna particularmente visível no que hoje chamamos o tempo da Quaresma, no Calvário, Crucifixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Este acompanhamento faz-se de forma discreta, silenciosa e acompanhada de intenso sofrimento. A sua Fé é uma constante e ela faz um caminho paralelo ao do Filho para o Pai. Chegamos ao Calvário com sinais de que Maria se tenha encontrado com Jesus durante Via Sacra, o que, embora não provado, é grandemente provável. Maria quis mostrar ao Filho que estava com Ele e como Ele sofria. Do Getsémani ao Gólgota, Jesus foi humilhado e sofreu e sua mãe acompanhou-o e igualmente sofreu. Sofreu por Ele como continua a sofrer por toda a humanidade. E Jesus foi crucificado. Do alto da cruz, entre outras santas mulheres, Jesus, como nos conta João, 19, 26 e 27, “… ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: - Mulher, eis o teu filho! Depois, disse ao discípulo: - Eis a tua mãe! E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua”. E…Jesus disse:”Tudo está consumado.” E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. (João, 19, 30). Segue-se “La Pietá” que, no entanto, não vem descrita em nenhum dos Evangelhos, que apenas nos dizem que foi José de Arimateia quem teve a permissão e o cuidado de sepultar Jesus (Mateus, 27, 57-60; Marcos, 15, 43-45; Lucas, 23, 50 – 53; João, 19, 38 – 40). A cerimónia da entrada no túmulo foi observada por Maria Madalena e por Maria, mãe de José (Mateus, 27, 61 e Marcos, 15, 46).

J. A. PARDETE FERREIRA

“Parte IV”

Após a ressurreição do Senhor, algumas mulheres foram ao sepulcro, que encontraram aberto, e verificaram que estava vazio. Um anjo do Senhor comunicou-lhes a Ressurreição de Jesus Cristo e elas apressaram-se a comunicar a notícia aos Apóstolos que, apesar de o terem acompanhado tanto tempo, tiveram dificuldade em acreditar. Após a Ressurreição, Jesus fez várias aparições: a primeira a Maria de Magdala, (Marcos, 16, 9 – 18), seguiram-se os discípulos de Emaús (Lucas, 24, 13 – 33) e, finalmente, apareceu aos próprios Onze (Marcos, 16, 14 – 19). Esta aparição não foi totalmente pacífica pois Tomé, o Gémeo, não estando presente na primeira aparição aos Apóstolos, só acreditou depois de ter visto (João, 20, 24 – 29). E Maria esteve sempre presente, pois, após a Crucifixão passou a andar com o seu “filho” João e com os outros Apóstolos. Jesus apareceu ainda aos Apóstolos na Galileia, no monte que lhes indicara (Mateus, 28, 16 – 20) e ainda nas margens do lago Tiberíades, tendo sido nesta altura que confiou a Missão Pastoral a Pedro.

No decurso de uma refeição partilhada com os Apóstolos, após lhes ter dado umas últimas instruções, “… elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos… “ (Actos dos Apóstolos, 1, 4 – 11), na sua Ascensão para o Céu, para a direita do Pai.

“Quando chegou o dia do Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar... Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito santo… “ (Actos dos Apóstolos, 2, 1 – 11).

A Assunção de Nossa Senhora é Dogma de Fé! Já sabemos quais são as condições necessárias à proclamação de um Dogma de Fé. A Assunção de Maria ao Céu é celebrada a 15 de Agosto. Já no século IV, Santo efrém escrevia: “O corpo virginal de Maria, depois da sua morte, não sofreu corrupção” (Meditar dia e noite na Lei do Senhor, Centro da Família Carmelita, Setembro de 2008). Da mesma fonte extrai-se que, entre outros se apoia nos textos: Génesis, 3, 15; Lucas, 1, 28 e Apocalipse de São João, capítulo XIII. De certo modo, quase que se pode afirmar, guardadas as devidas proporções, que este dogma foi “referendado”. Com efeito, após séculos de devoção, o Papa PioXII, em 1946, enviou uma carta a todo o episcopado perguntando se estariam de acordo com a proclamação da assunção de Maria como Dogma de Fé, solicitando que a opinião dos fiéis sobre fosse igualmente auscultada. Perante a resposta afirmativa da grande maioria, Pio XII não teve qualquer dúvida em proclamar o Dogma em 1 de Novembro de 1950, por intermédio da Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus”. Avé Maria.

Para terminar esta incursão pelos factos mais salientes da vida de Nossa Senhora e da sua ligação ao Carmelo, continuando a apoiarmo-nos sobre o já citado “Meditar Dia e Noite… “, resta-nos acrescentar que as actuais constituições, datadas de 1996, apresentam a Ordem como “Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”. Anteriormente, a palavra “Fratres” (Irmãos) aparece pela primeira vez num documento Papal de 1245: “Irmãos Eremitas do Monte Carmelo”. Em 1680 apareceu uma denominação especialmente feliz, por conter as características: Irmãos da Ordem, Mãe de Deus Maria, Virgem e Monte Carmelo. O título de Irmão de Nossa Senhora foi contestado, apesar de o defendermos com denodo. Conta-se que, no século XIV, havia em Chester, Inglaterra, um Mosteiro de Monges, cujo abade convocava todo o povo, anualmente, para uma procissão em honra de Nossa Senhora, Padroeira da Cidade. A particularidade vinha de o andor transportar uma imagem de Nossa Senhora sentada. Numa das procissões, os Frades Carmelitas, à passagem da Senhora, curvaram-se reverentemente. Nesse instante, a imagem da Senhora, tornando-se viva, pôs de pé, e, indicando os Frades Carmelitas, declarou: “Vós sois os meus irmãos”. As pessoas que contestavam esta ligação de Irmandade da Senhora aos Carmelitas, fizeram penitência e passaram a respeitar os Irmãos Carmelitas. A história é reportada por João Holdenstein no século XIV. Desconhece-se a veracidade do facto mas acontecimento parecido sucedeu em Montpellier, França. Com toda a legitimidade, podemos, pois, ser chamados: “Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”.

J. A. PARDETE FERREIRA